terça-feira, 27 de setembro de 2016

#30 - "Desta perda geral, mágoa comua", Tomás Pinto Brandão

Desta perda geral, mágoa comua
A Sua Majestade dar queria
Um pêsame que fora uma alegria
A ser de minha sogra e não da sua.

Se à minha não há morte que a conclua,
À sua crer devemos com fé pia,
Que vestida e calçada ao Céu iria,
Como a minha ao Inferno, nua e crua.

E pois, ainda que pobre, eu também entro
Na mágoa universal desta senhora
Que tenho impressa d'alma bem no centro;

Estimara que el-Rei fizesse agora
Com que este dó, que trago cá por dentro,
Também se me enxergasse cá por fora.

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