O candidato funga:
flácida e fofa
figura inflada
se inflama -- fala:
feixe de frases
feitas: fraseado
falaz se forma
na furna da voz;
na boca da urna,
língua de trapo
tropeça na areia
da arenga: arena.
Ensebado embusteiro
balança o bestunto
besuntado -- bestia
lógico lesa o povo:
no rádio o rugido
no cinema o aceno
no jornal o jargão
no comício o vício
no vídeo o vírus
da fraude invade
o veludo da voz
e envolve a fala;
ramerrão reumático
ruminante -- retrato
três por quatro na
televisão: de-pu-ta-do.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
#13 - CAMPANHA ELEITORAL, Armando Freitas Filho
#12- A UMA FREIRA QUE, SATIRIZANDO A DELGADA FISIONOMIA DO POETA, LHE CHAMOU PICA-FLOR. Gregório de Matos
Se pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
Mas resta agora saber
Se no nome que me dais
Meteis a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o pica
E o mais vosso, claro fica
Que fico então pica-flor.
Pica-flor aceito ser,
Mas resta agora saber
Se no nome que me dais
Meteis a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o pica
E o mais vosso, claro fica
Que fico então pica-flor.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
#11 - "Levando um velho avarento", Bocage
Levando um velho avarento
Uma pedrada num olho,
Pôs-se-lhe no mesmo instante
Tamanho como um repolho.
Certo doutor, não das dúzias
Mas sim médico perfeito,
Dez moedas lhe pedia
Para o livrar do defeito.
«Dez moedas! (diz o avaro)
Meu sangue não desperdiço:
Dez moedas por um olho!
O outro dou eu por isso.»
Uma pedrada num olho,
Pôs-se-lhe no mesmo instante
Tamanho como um repolho.
Certo doutor, não das dúzias
Mas sim médico perfeito,
Dez moedas lhe pedia
Para o livrar do defeito.
«Dez moedas! (diz o avaro)
Meu sangue não desperdiço:
Dez moedas por um olho!
O outro dou eu por isso.»
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Manuel Maria Barbosa du Bocage
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